sexta-feira, 2 de julho de 2010

Nênia para Nona

Naquele dia
Uma coisa me perseguia
A semana não era a mesma
Coisas atrapalhavam a família

Parentes de longe vinham
Para a despedida
De uma pessoa tão querida
Vivida e sofrida

Seus onze filhos ali estavam
Tristes com a sua partida
Noras, genros, netos e bisnetos
Tataranetos já tinha
Alguns não a conhecia

E essa pessoa tão admirada
Amada e respeitada
Uma doença a corroia
Nos últimos dias
Vegetativo era seu estado
Hoje já descansara

Uma pessoa bela de cabelos longos
Brancos como a neve
Seus olhos azuis tive quando pequeno
Ainda não me esqueço daquele dia
Que o sol brilhava, mas nuvens sombrias rodeavam
O cemitério silencioso
Só se ouvia o choro dos próximos

E naquele mesmo dia 17
Havia uma festa numa casa longe dali
E a pessoa é próxima a mim
Ninguém entende a morte
Ninguém a quer
Mas ela vem, cedo ou mais tarde.
Todos nós temos a certeza que um dia iremos
Pra onde, não sabemos...

Devanear

Levava uma vida sem cansaço
Andava contando os passos
Saía com amigos para a praça
Bebia um pouco e cantava.
Hoje a vida parece tão vazia
Os planos foram pro espaço
Parece que todo mundo vive numa caixa de sapato
Esperando um dia ser chamado
Mas o sol também parece fraco.
Que tal viver em outro planeta
Ou simplesmente ser um cometa
E viver no mundo das estrelas?
Não tem dor nem frieza
Viver a ilusão de guerra nas estrelas
E fugir dos pecados habitados na terra
Andar em nuvens e não pisar em esterco
Cantar o dia inteiro...
E chutar todas as bocas de bueiro
Viver por devaneio
Sonhar ser um tipo de carpinteiro
E dar pauladas em caras de lata.
Parece tudo fracassado
Acorde e não vá mais pro ralo.
Viver em outro lugar
E não ser mais poluído pelo ar.
Todos pedem, fedem, ganham e reclamam
Vivem escorregando na banana
Mas não vêm na frente o tamanho do buraco de lama.
(05/10/08 – 21:12)

Caído

Cada dia que nasce parece ser melhor que o outro,
Mas eu faço deles qualquer coisa.
A cada noite me sinto mais só e com ela vem o desespero.
Quero sair e vagar pelas ruas como um vampiro sem lar,
Jogar tudo pro alto e sentir o vento da meia-noite no rosto,
Não me preocupar com os problemas. São coisas da vida.
A esperança mora ao lado, tudo que nos espera está na nossa frente,
Basta querermos, pois, sempre haverá escolhas pra fazer.
Quero aprender voar e voar pra bem longe,
Esquecer de tudo, pois, o passado não se muda,
Mas nosso futuro podemos fazer diferente.
Dê-me algo que me convença que haverá um final feliz.
Dê-me algo que me faça acreditar que ainda existe o amor,
Algo verdadeiro, porque cansei de mentiras.
Não sinto mais a chuva molhar meu rosto.
As lágrimas estão secando e não sinto mais o sabor da vida.
Acredito que meu passado e meu hoje me prejudicam.
Não escuto mais a chuva como deveria.
E arco-íris já não vejo mais.
Pode haver alegria no dia seguinte, mas o sorriso cai,
Cai como a máscara de alguém.
Alguém que sinto falta todos os dias.
(09/08/08 – 23:23)

Chuva de Agosto

A chuva cai numa noite fria de inverno
Não pense que está sozinho
O rugido do vento nos trás uma tranquilidade inexplicável
Quem disse que quando o vento bate no rosto não é gostoso?
É tão bom viver com esperança, mesmo que seja apenas mais um sonho
Ouça! Ouça o barulho da chuva! Ouça sua mente
Nós choramos, e é tão bom sentir-se aliviado
Toda essa água que cai nos alivia
A chuva é um efeito da natureza que parece limpar a alma
Leva toda sujeira embora, tornando o que restou puro
Nem tudo o que se torna escuridão é tão belo como sentir-se aliviado.
(02/08/08 – 22:29)

Qual o Motivo?

Meus pensamentos me fazem perguntar:
Qual o motivo para eu estar aqui?
E por todo esse tempo eu procurei
Talvez tenha encontrado, mas não percebi, não descobri
Será que estou aqui para olhar por alguém?
Toda noite me pergunto o que faço aqui
O que será dessas pessoas a minha volta?
Às vezes quero que se dane o que penso sobre tudo
Mas em vão nunca estamos em parte alguma
Faça-me perceber o que acontece
Isto está fora de minha mente
É algo que perfura minha cabeça, me deixa com as mãos trêmulas
Mas como fugir sem afetar o cérebro?
Quem sabe encontrando a saída, ou melhor,
O verdadeiro motivo? Mas qual?
(02/08/08 – 22:46)

Um Sonho Dentro de Um Sonho

Ao som da luz da meia noite.
Palavras ao vento.
Jogue mais uma carta sobre a mesa,
E não tenha medo, nada do que vemos é real.
Imagem invertida no lago do campo das maravilhas.
Tudo é perfeito como as estrelas no céu?
O que acontece quando estamos dormindo?
Nossa alma parece sair e ir pra um lugar distante.
Um sonho dentro de um sonho.
Acordamos de um sonho para viver um pesadelo.
Dias e noites parecem não acabar,
Mentes cansadas, fracas,
Rostos cansados, espelhos quebrados.
As pessoas parecem não descansar.
É preciso aliviar.
Tirar da mente as coisas mais obscenas que surgem,
E por que não registrar num pedaço de papel?
Isto só custa usar o pensamento, expor os sentimentos.
Temos criatividade, mas às vezes ela não aparece.
Por que isto?
É apenas um sonho dentro de um sonho.
Não há o que temer.
(29/07/08 – 22:17)

Apenas Dê Tempo Ao Tempo

Tudo está perdido, não há mais força,
Não há mais emoção, as lágrimas chegam e param,
Nada escorre, mas a tristeza e a perturbação espalham-se.
A chuva também é pouca a cair,
Nem o céu tem mais força
O suficiente para suportar a dor do mundo.
O mundo está desabando sobre nossas cabeças,
Estamos nos distorcendo por algo melhor.
Queremos mais! Queremos mais!
Acabe com a criação,
A todo o momento serpentes nos rodeiam.
Os rios estão secando e a hora está chegando.
Seus peitos de borracha murcharão,
É engraçada sua cara de coitada.
Mas não teremos pena, nós podemos mais.
Acredite que um dia tudo pode melhorar.
(23/07/08)

Saudades

Um sentimento inexplicável
Um sentimento que fere
Perfura o coração
E faz sangrar

Vaza, essa vaga sensação
Pássaros voam pra bem longe,
Mas um dia voltam
Voltam pra nunca mais...

Lembranças vem e vão
Sobe e desce
Mas talvez não sejam apagadas

Um aperto que não há solução
Apenas um o reencontro
Poderia ajudar a superar

18/4/2008

Ss

Solidão
É um sentimento que corrói por dentro
Como o de amar e não ser correspondido
É aquela saudade dos bons tempos
Aqueles que se multiplicam, mas nunca são iguais

Saudades
É o que sentimos quando a solidão chega,
Ambas dão sensação de vazio, e podem ser preenchidas a qualquer hora
Até mesmo por velhas recordações, fotos, músicas
E por uma simples ligação ou mensagens instantâneas

Podemos dizer que são a mesma coisa
Mas algo de diferente
Escrever é uma opção, mas não a solução
Às vezes ajuda quando estamos sós
E o que nos deixa assim é a distância
E o triste adeus da despedida.
(13/04/08-09:26)